Preocupado com o futuro e motivado por uma imortal esperança de organizar minha vida financeira de um jeito mais inteligente, decidi ler alguns livros de autoajuda sobre o tema.
Não assumo isso sem embaraço, já que autoajuda é aquela categoria que invariavelmente traz valores depreciativos ao seu leitor, seja ele um verdadeiro desesperado, seja ele apenas um curioso.
Assim como todo mundo, também sinto pena ao observar alguém tirando uma edição de “Como Fazer Amigos & Influenciar Pessoas” da prateleira. A mim, parece óbvio que a lição número 1 para se fazer um amigo deveria ser “não leia um livro cuja capa revele que você não tem nenhum.”
Porém, ao ter coragem de ler meus livros de autoajuda (juro que não são muitos) somente em ambientes privados, geralmente trancafiado no quarto, percebi algo bastante preocupante: precisar de ajuda é algo que envergonha as pessoas. E buscar ajuda – uma atitude louvável 100% das vezes – é visto, quase na mesma porcentagem, como fraqueza ou algo constrangedor.
Talvez o preconceito esteja em pagar por essa ajuda, já que um bom bate-papo com um amigo ou um familiar é um remédio largamente utilizado desde quando o homem parou de marretar mulheres na cabeça e começou a se comunicar. Porém, dentro de cada um de nós reside algum preconceito inexplicável com relação a ressarcir alguém ou adquirir algum produto que ofereça uma ajuda mais profissionalizada. Psicólogo é coisa de louco. Personal trainer é frescura de rico. Professor particular é pra burro. Site de namoro é pra quem não consegue comer ninguém. E a lista segue.
O problema é que, com medo de julgamento ou de virar chacota entre os amigos, ficamos em um limbo em que nem buscamos alguém que possa resolver a situação, nem adotamos uma atitude “faça você mesmo”, tão comum nos Estados Unidos, não por acaso, um dos países que mais cria best-sellers mundiais de autoajuda.
Independentemente das inúmeras promessas falsas estampadas nos títulos desses livros, e mesmo com a compreensível equiparação a chorume editorial – muitos, de fato, são terrivelmente escritos e traduzidos –, as imensas mesas sobre o tema na porta de cada livraria são um sinal inegável de algo importante: todos nós queremos algum tipo de ajuda. Na maioria das vezes, com soluções fáceis, sim. Muitas vezes amparados por teorias improváveis, sim. Cegos por ilusões e fantasias, sim. Mas queremos. E não há mal nenhum em pagar por ela, ainda mais se for um livro barato. Relaxe e goze. Se preciso, em 10 lições.
Feita toda essa defesa, segue abaixo a lista de livros de autoajuda que pretendo escrever. Decidi seguir a primeira lição da minha atual leitura financeira: “faça seu dinheiro trabalhar por você”. Como bom publicitário, resolvi lançar essa campanha teaser, com custo zero, para ver se cola. Quem sabe alguém por aí se interesse por um dos títulos? Ou quem sabe um dia eu tome vergonha na cara e realmente arranje um bom tema para escrever.
- Como Prometer Textos para Segunda e Fazer com que as Pessoas Aceitem na Terça. Ou na Quarta.
- Crie Teses Semanais com Pensamentos Baseados em Nada
- Cozinha Criativa – Desculpas e Receitas para o Lanche da Meia-Noite
- 500 Coisas Mais Importantes do que Lavar a Louça
- Seja Feliz Dormindo – Lições Para Quem Ainda Não Tem Filhos
Aceitamos encomendas.
Dale Carnegie, autor de "Como Fazer Amigos & Influenciar Pessoas", pensando nos milhões que ganhou. |