Há muitos anos vi uma entrevista com uma atleta de fisioculturismo. Era
um Arnold Schwarzenegger com maquiagem e unhas pintadas. E contou que se ficasse quinze dias sem
malhar já começava a sentir o corpo flácido.
Para chegar àquela forma, imagino que a mulher deva ter sofrido nas
academias por no mínimo uma década, no mínimo três horas ao dia, no mínimo
cinco vezes por semana. Suponho também que deva ter se submetido a uma dieta variada
de creatina, glutamina, caseína e, quando dá aquela vontade de comer um doce,
dá-lhe shake de proteína.
Esta mulher perdeu o pescoço, perdeu o ciclo menstrual, perdeu as curvas
femininas. Por outro lado, ganhou quilos de músculos, uma voz de Darth Vader e,
acho eu, centenas de e-mails com a mensagem “enlarge your penis”.
Se todo esse esforço trouxesse alguma transformação permanente, eu até compreenderia.
Mas a própria entrevistada confessou: o declínio começa em quinze dias.
Que me perdoem os personal
trainners, que me condenem os viciados em endorfina, mas o corpo humano
gosta mesmo é de moleza. Não há exceção. Nascemos para mofar no sofá. Fomos
feitos para dormir na rede. Somos geneticamente programados para odiar
abdominal e amar ficar de barriga para cima.
Desconfio seriamente de pessoas que acordam às 5h30 da manhã cheias de
energia. Ou são professores de lambaeróbica – que, apenas por este motivo,
certamente não pertencem a este planeta – ou têm algum segredo (guardado geralmente
no armário de remédios). Faço uma ressalva para crianças abaixo dos 6 e para adultos
acima dos 60: o metabolismo nessas faixas etárias, por alguma razão
inexplicável, prefere se alinhar ao horário das galinhas. Para todo o resto, os
níveis usuais de preguiça obedecem a um padrão relativamente constante. Moderada
no início da manhã, considerável logo após o almoço e incontrolável durante
todo o domingo, mas principalmente à tardinha.
Talvez por influência dos pais, também neste ponto meu filho Antonio
resolveu ser diferente da maioria das crianças. Em vez de capotar na novela das sete, gosta de dormir tarde. Em algumas manhãs, ele tem que fazer
tanto esforço para sair da cama, que às vezes não consegue abrir um dos olhos
direito. E, neste domingo, ao contrário dos pimpolhos que desde o primeiro raiar do sol esbanjavam fôlego embaixo do prédio, o Antonio se recusou a fazer absolutamente todos os exercícios que
realiza perfeitamente nos outros dias. Tentamos de tudo, fizemos exatamente
como a fisioterapeuta explicou: o danado nem se mexia.
Foi quando lembrei da fisioculturista, que provavelmente nunca se dava o
direito de descansar, e ainda assim não tinha garantias para seu esforço. E
apesar de ser extremamente adepto à disciplina, decidi por um dia colocar meu
espírito espartano de lado e deixar o meu bebê relaxar. Fomos ver o lago,
brincamos na areia do parquinho, tomamos uma ducha juntos para refrescar. Para os músculos
dos braços, um dia perdido. Para os do sorriso, um dia inteiro para trabalhar.
Como sempre seus posts são sensacionais e você está coberto de razão!! Acho que a maioria das pessoas gostam de moleza mesmo, eu por exemplo, odeio academia!! Até o Antonio, ficou mais feliz se divertindo com o papai e mamãe do que fazendo exercícios!! Moleza de vez em quando é bom e saudável!! Bjks!!
ResponderExcluirPor isso que eu gosto do Antonio! Ele é do meu time!
ResponderExcluirE olha que sou fisioterapeuta.. Mas meu lema é: ouça seu corpo, ele sabe o que vc precisa..
Abraços..
Seu texto me fez lembrar daquela música do Chico "td dia ela faz td sempre igual"... Nada melhor do que de vez em qd se permitir pequenos prazeres, mas que acabam fazendo td a diferença. O Antonio aprendeu rápido o que muita gente demora tanto tempo p/ perceber. Bjs
ResponderExcluirSábio Antonio! (risos) E eu que comecei ginástica aqui, que vontade de ter um domingo de preguicinha ... Bjs, Mimi
ResponderExcluire viva a alegria descomprometida! parabéns a vocês, que permitem - e compartilham - a vida com o pequeno! Sabrina.
ResponderExcluirLembrei-me do título do livro (que não li) "porque digo sim, quando quero dizer não". O Antônio sabe o que quer e não se deixa influenciar. Grande garoto! Beijos para ele. Mônica Leite
ResponderExcluirSolange, tb odeio academia, mas confesso que os assuntos dos frequentadores me cansam mais do que as máquinas em si. Bj
ResponderExcluirPolly, meu corpo tá berrando que eu preciso ao menos dar uma caminhada de vez em quando. Prometo tentar ouvi-lo. rs
ResponderExcluirCléo, todos os dias tenho ido para casa para tomar o "banho da diversao" com ela. É a melhor hora do dia. bj
ResponderExcluirMimi, mas tá malhando até no domingo??? Esses restaurantes de Londres devem estar muito, mas muito bons mesmo. bj
ResponderExcluirObrigado Sabrina. Viva.
ResponderExcluirMônica, nisso ele é bom mesmo. Quando não quer uma coisa, não tem quem o faça. bj
ResponderExcluirNão resisto comentar... sempre tive cifose, desde pequena e fui submetida naqueles dias a e tratamentos ridículos... passou-se o tempo e eu fiz RPG, Osteopatia, Pilates e nada. O ano passado vendo fotos minhas em aulas que participo pelo Brasil, pensei, vou ficar uma pessoa totalmente curvada.
ResponderExcluirE apesar de odiar academia, e o papo, resolvi tentar.
Estou há um ano malhando, correndo na esteira (odeio!), mas minhas taxas de colesterol - mesmo sendo cuidadosa com a comida - despencaram, meus indices glicemicos ficarm mínimos, e estou mais ereta.
Faço só duas vezes por semana uma hora. Depois do trabalho. É um horror.
Mudei do Bela Vista para Granja Viana e agora?
Tenho que acordar as 4.45 para entrar na Raposo as 5.20 antes que ela vire um caos parado...
Então academia logo cedo, eu que adoro dormir até as 8.00, não acreditei...
Mas estou conseguindo... estou indo para a academia as 6.30 e de fato me admiro daqueles que fazem isso por prazer...
Meu caso é pura obrigação, mas tenho tentado sorrir, brincar, enganar meu cérebro.
Nosso cérebro é sim ergonômico, está o tempo todo tentando economizar energia.
Quer sim ficar numa boa...
Sábado e Domingo é dia de sofá.
Gisleine
Gisleine, você NÃO precisa resistir para comentar. rs. Que bom que está firme e forte na malhação. Saúde não tem preço. Eu me prometo todos os dias separar um tempo para me exercitar. Vai dar. Algum dia vai dar.
ResponderExcluirbj
O sedentarismo é magnético cumpádi. rsrs...ótimo blog! Faltam na internet bons blogs feitos por pais para pais e este foi um bom achado. Só a título de curiosidade há um agregador de conteúdos chamado Agrega Pais, que é voltado para pais e mães (mas é tão versátil que acaba tendo audiência da família toda, pois, vai dos blogs de mães até blogs geeks ou sobre mma) uma ótima forma de divulgar seu blog para um público bem específico no geral e que está adentrando a internet e uma ótima forma de virar referência para este público. E pelo amor de Deus passados os 15 dias volte a postar, não vai parar justo agora encontrei seu blog. ;)
ResponderExcluirBreno.
Breno, excelente dica. Vou acessar o Agrega Pais e divulgar o Flizam por lá. E fique tranquilo. Dia 26 estamos de volta. Pode confiar. Abraço
ResponderExcluirFabiones, desconfiando que você é da mesma raça que a minha, um conselho: squash! Aulas com a duração apropriada a um dia corrido - 30 min (é impossível aguentar mais que isso) - e com o prazer de ter bola/adversário/objetivo/competitividade apropriada a um ser viciado em War, que eu conheço aí...hehe.. queima que é uma beleza...Ab! Da Vila
ResponderExcluirDa Vila, sabe que tentei squash em 2009 e me quebrei todo. ahahhaha Mas gostava. E concordo que é um excelente (e rápido) exercício. Na próxima vez na mesma cidade, vamos marcar de jogar. Abraço
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